O setor dos laticínios em Portugal é constituído sobretudo por micro, pequenas e médias empresas (98%), caraterizadas por várias particularidades:

Baixa diversificação de produtos, quase sempre limitada ao fabrico de queijo e requeijão, que limita a sua flexibilidade e adaptação às necessidades e constrangimentos do mercado;
Baixo nível de inovação e de incorporação de tecnologia, que condiciona grandemente o aumento da sua ecoeficiência;
Dispersão pelo território nacional, que não permite a implementação de ações conjuntas de tratamento de subprodutos/resíduos e de proteção ambiental.

Acresce que, a maioria das micro-empresas e algumas empresas de pequena e média dimensão têm a sua atividade centrada na transformação de leite de pequenos ruminantes (ovelha/cabra). Se em alguns casos este leite é utilizado na produção de queijos DOP com elevado valor de mercado, na maioria das situações, é transformado em queijos sem qualquer carácter distintivo que são comercializados por valores significativamente mais baixos. Por outro lado, a obtenção destes produtos tem elevados custos em mão-de-obra e, especificamente no caso do requeijão, os consumos energéticos do processo bem como o seu curto período de vida útil, são fatores limitantes.

As PME do setor dos laticínios carecem também de um incremento da eficiência dos seus processos produtivos e do nível de inovação dos seus produtos que lhes permitam, de forma sustentável, fazer face ao domínio dos produtos das grandes empresas e multinacionais do setor.

Para além disso, as PME direcionadas para a produção de queijo, defrontam-se constantemente com o problema relacionado com a valorização/impacte ambiental do seu maior subproduto (o soro). Nessas empresas, também têm sido escassas as ações que visam a melhoria da eficiência energética dos processos produtivos.

A diversificação de produtos que permita a recuperação dos componentes do soro poderá representar uma oportunidade de acesso a novos mercados, ao mesmo tempo que garante a redução dos problemas ambientais que este subproduto acarreta.

Por outro lado, existem diversas possibilidades de substituição de ingredientes/adjuvantes de fabrico que, sendo atualmente adquiridos ao exterior, agravam o défice da balança comercial das empresas. Como alternativa propõe-se que alguns desses adjuvantes sejam substituídos por outros que, tendo eficácia equivalente, são produzidos a partir de recursos endógenos.

Deste modo, o grupo operacional pretende atuar em diversas vertentes no sentido de introduzir inovação ao nível dos produtos, no melhoramento da eficiência energética de alguns processos e na redução da dependência das empresas em relação à aquisição de coadjuvantes de fabrico.

Face aos problemas sumariamente elencados, o grupo operacional propõe-se atuar em áreas para as quais já desenvolveu trabalho de I&D e detém o respetivo know-how.